quinta-feira, 18 de junho de 2009

Ser estranho

Sunflowers (1888), Van Gogh

Embora o meu quadro favorito seja de Munch, é de Van Gogh que sou fã. Um pintor pós-impressionista com as aspirações modernistas cujas pinceladas me cativam pelo expressionismo, fauvismo e abstraccionismo. Dizem de Van Gogh que era estranho (provavelmente à conta das suas crises de epilepsia) e que as suas pinturas também.

Hoje classifiquei alguém como um ser estranho e arrependi-me no segundo seguinte. Esqueço-me muitas vezes que as minhas palavras, muitas vezes, não são as dos outros. A maioria das pessoas atribui uma conotação pejorativa a “ser estranho”. Eu não. E esqueci-me disso. Estranho para mim é alguém que ainda não conheço. Estranho é alguém diferente. Estranho é algo que, com ou sem propósito, foge da normalidade. Estranho é o contrário de vulgar.

E como por cobardia de mal entendido, retirei com a frase mágica "estava a brincar", o que tinha dito, já não fui a tempo de explicar que... Estranho hoje, queria dizer (a alguém) que é, especial. Tal como as pinturas do Van Gogh, que nem sorriem ou abraçam e ainda assim valem milhões.

3 comentários:

Jade disse...

A ti, que és uma Flor, tenho a dizer que, muitas vezes, muitas, ultimamente, queria ser "vulgar", normal, dentro da norma. Estou fartíssima de ser estranha. Ser estranha cola-se a tudo: não entendemos ninguém e ninguém nos entende. Ou malhor, sentimos que ninguém nos entende. Estou farta de ser estranha, estou farta de ser eu.
Adoro este quadro, e como o Beijo do Klimt agora me faz alguma impressão, pode ser que este seja um candidato sério ao primeiro lugar. Um dis girassóis está murcho, mas está lá. Porque é importante, mesmo seco, mesmo morto, se calhar fez sorrir alguém, ou morreu para fazer sorrir alguém. E foi uma morte heróica, então.

Shadow disse...

Sim. E se não tinha consciência disso, quem o ceifou teria certamente.

Unknown disse...

Como se vive sabendo-se que se é "estranho", de uma estranheza que os da "norma" teimam em nos querer fazer crer que é negativo, que a "norma" é que é certa...
Pior é quando ao fim de anos a viver-se e sentir-se "estranho", encontramos alguém que nos elogia, quando diz és "estranha"!!! Vira-nos a cabeça e podemos não saber reconhecer ou até mesmo receber um elogia tão especial...

Mas no fim de contas, o que é ser-se ou sentir-se estranho?...