domingo, 9 de agosto de 2009

Pó caralhinho, é para onde se mandam os amigos.


Há pessoas a quem gostamos de ligar nos dias maus. Gente que sabe apanhar o nosso ego do pântano. Coloca-lo em terra firme e por vezes fazê-lo voar (de novo). Às vezes só com palavras e silêncios.

Existem silêncios maravilhosos. Cúmplices, carinhosos, de olhar brilhante. E ainda aqueles em que o lado de lá nos ouve metralhar as maiores atrocidades sobre o mundo, sobre a vida, sobre nós, sobre quem nos rodeia… sempre em silêncio atento. Gente que ouve sem nada dizer. Que espera o momento em que esgotamos as balas e as forças. Que espera o momento em que perguntamos “e tu, o que achas?”. E aí nos respondem com uma frase, o que 5 minutos antes não compreenderíamos com o maior e mais eloquente dos discursos. Estás a ser palerma. 

Há quem não tenha esta paciência amiga e escute apenas o suficiente. Para nos mandar calar. Chamar à terra. Dizer de sua justiça e opinião. E com ou sem sorrisos dizer que somos parvos.
Não há grande diferença entre ser parvo ou ser palerma. Mas toda gente sabe que palerma é coisa de amigo. Quando um amigo nos chama de palerma continua a dizer que somos especiais. Somos é também totós. Quando alguém nos chama de parvo não diz de todo que somos especiais. Diz sim que naquele momento somos tudo menos especiais. Estamos a ser idiotas. E... idiotas irracionais já nós somos por natureza.
Existem pessoas assim, as que falam, as que calam. E as que vão alternando. Não sei se uns são melhores que outros. Porque há coisas que doem se ditas e outram que matam se silenciadas. Mas se há coisa que não se pode fazer com os silêncios é de metralhadora. Um dos grandes problemas são as palavras ou frases disparadas a quente. Palavras que atingem o outro como dezenas de lâminas. Uma a uma de forma cirúrgica onde estamos mais desprotegidos ou fragilizados. Balas, frases que não merecíamos e muito menos esperávamos ouvir da boca de alguém que nos costumava fazer o ego voar. E que, se mais nada for, nos deve. Respeito.
Podemos perceber que o outro ficou arrependido no mês ou segundo seguinte, pouco importa. Além da cicatriz, fica por cada palavra, colocada uma mina no espaço mágico que existe entre o Eu e o Tu, e que forma o Nós.
Acredito que por vezes, na esperança de pedir um pouco de atenção a quem vive lá no alto da janelinha, se atire em erro, uma ou outra pedra mais pesada julgando ser gravilha. Mas também sei que há pessoas que constroem exércitos (de frases) de destruição massiva. Não querem atenção, carinho, amizade ou amor… querem simplesmente destruir o outro que se encontra ali tão perto, ali ao lado. E destrui-lo da pior forma. Gente assim reles não deixa simplesmente cair um menir em cima da cabeça do outro. Não. Gente assim atira de soslaio um dardo atordoante e com uma metralhadora crava-nos de pontas. Uma a uma. Nunca em sítios fatais. Sempre em órgãos vitais do nosso ser, do nosso eu, dos nossos sonhos, formação, valores e amores...
Dizia eu lá em cima que a diferença entre ser parvo e ser palerma é pequenina. É a intenção. E é a intenção das pessoas, das palavras, dos silêncios e dos gestos que uma mulher jamais esquece. E por vezes jamais perdoa.
É por estas que pode até mandar-se um amigo à merda, mas nunca se manda um amigo foder. E jamais se deixa alguém que gosta de nós em standby indefinido. Por via das dúvidas manda-se para o caralhinho, que toda gente sabe que essa não tem intenção nenhuma e permite os 5 minutos e metros de espaço necessários para o outro pedir desculpa.

2 comentários:

Missies Blue disse...

é... existem aquelas pessoas que sabem quais as palavras certas. também existem aquelas que não sabem mas tentam. e são estas pessoas que nos aconchegam.

dpois existem aquelas que se acham certos e conhecedores e por isso mesmo dizem tudo errado x\


e às palavras que magoam já sabes como é.. lamber as feridas e de resto seguir de porte direito e correcto, que quem tem personalidade de gato não tem paciencia para cair no mesmo erro duas vezes.. ou situação ou pessoa. enfim.. percebeste =)


adorei ler-te hje, também porque me revi nas palavras que ainda nao encontro com tanta clareza.
mas como sempre é bom passar aqui =)

Shadow disse...

e existem aquelas que têm isso tudo junto. Haja maturidade e amor para "take the good with the bad and move on" ;)