sábado, 30 de janeiro de 2010

Se o S. Pedro fosse juri de Doutoramento...



Já não me lembro qual era a sensação após fazer um exame na faculdade ou ver a nota na pauta de um qualquer cadeirão. Não tenho memoria sentida nem mesmo, da reunião de horas em que ficávamos a saber a nota de estágio... que tanto peso tinha sobre os nossos 5 anos de curso. Deitava tudo a ganhar, tudo a perder.

Mas de vez em quando, ainda me lembro do dia em que imprimi e entreguei a tese. O sentimento de dever cumprido. Uma profunda calma, quase apática. O alivio de tirar das nossas mãos e costas o peso do futuro. Entregando-o em papel ao juízo dos outros, à sorte do destino.

A verdade é que este, como qualquer ou até mais que outro sentimento, é efemero. Desconfio que parte desta sensação, que reparte realização e preenchimento, se deve a toda a privação de sono e stresse a que sujeitamos o corpo e respectivo encéfalo.

Ontem, quando submetia a meia dúzia de horas do prazo, os trabalhos candidatos ao congresso mundial, fui obrigada a escrever uma curta biografia. É incrível como a minha vida reduzida a meia duzia de linhas parece brilhante e preenchida.

É incrível como se disser que acordei às 9h, vesti uns long shorts e sweat e fui correr 8km até à praia do sitio da foto a minha vida passa, para quem lê, além de académica e profissionalmente preenchida e brilhante a saudável, zen e feliz.

E hoje, graças à sensação de high de ter concluído e entregue mais dois dos trabalhos de Doutoramento, não contrariava quem assim pensa... não fosse o facto de aos 4km, no exacto inicio para alongamentos e retorno, o S Pedro ter ordenado chuva, às nuvens que esconderam o sol quente e brilhante com que acordei.

Assim a 4km do carro e de abrigo, de calções, sem gorro, sem casaco e sem querer saber do Doutoramento ou artigos publicados para nada: S Pedro 1 - 0 Shadow. Que a minha vida sempre foi mais tranquila no papel.

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