Trabalho num sitio onde não tenho, e sei já, não terei nunca, amigos. Não tem só a ver com o ultra-competitivo meio universitário, com o facto de metade terem sido meus professores de faculdade ou terem em média o dobro da minha idade. Não. Mesmo aqueles que não foram meus professores e que apesar de não terem a minha idade, têm a idade dos meus amigos, jamais serão meus amigos. Tal como eu jamais seria amiga deles.
Tem sido algo muito complicado de gerir. Muito mesmo. Sobretudo desde que deixei a escola e entrei em exclusividade. Desde que mudei de novo para esta cidade deserta, e deixei para tras família e gente que me quer bem. Contudo, a verdade é que já me custou mais trabalhar ali. Não sei se calejei eu ou se tal se deve ao aproximar da defesa do PhD, e consequentemente ao fim da ligação à universidade e laboratório. Sei que não gosto das pessoas ali. Nunca gostei. E nunca gostei, talvez por saber o que são amigos, o que são colegas.
Há pessoas que são como nós. E outras que não são como nós, mas que são um prazer de ouvir, de falar. Pessoas de quem gostamos naturalmente. Que fazem de nós melhores. Que nos trazem prazer em calar a nossa voz para ouvir as deles. Pessoas com quem se conversa em silêncio. Com quem se fica sentado ao sol durante horas entre cafés. Pessoas que geralmente reconheço de imediato. Porque como dizia o Vinicius, a gente não faz amigos, reconhece-os.
É o que mais falta me tem feito este ano. Os amigos, que tenho. Os que perdi desde que comecei o PhD e... aqueles que ainda não encontrei.
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