Há uns anos, num almoço no Hard Rock Café com uma colega, dizia-lhe em jeito descontraído e gabarola - como só um sagitário sabe ser: “Não dou qualquer confiança à tua doença!”. E não dava.
Mas depois ficamos amigas. E o não dar confiança a essa doença deixou de ser escolha, deixou de ser possível. Às vezes quando corro as centenas de revistas cientificas em buscas de novas descobertas e artigos para o doutoramento, paro uns minutos para procurar se ali saiu algo novo sobre a tua doença. Algo que possa ajudar. Nunca saiu.
Disse-te uma vez, que não era de todo fácil ser tua amiga. Pela ausência de amigos em comum. Pela distância que nunca ficou menor - pelo contrário, e onde já quase cabe o país. E… pelo facto de todos os anos te deitares sob anestesia geral numa marquesa à espera do bisturi, que combinado com os dois princípios anteriores, torna as horas de espera destes dias ainda mais pesadas. Incertas. Longas.
Muitas vezes fazes-me falta. Para jantar cá por casa. Para almoçar numa esplanada. Ir ao cinema, teatro, concertos ou caminhar ao fim do dia. Fazes-me falta como fazem falta os melhores dos amigos. Para estar. Para se ter colo e ombro onde chorar. Para falar dos amigos, do trabalho, da família, dos namorados, dos que perdemos. Para ouvir. Para estar, de novo.
Hoje, como muitas vezes – bem sabes, não me fazes falta para estar. Faz-me sim, falta que esta distância toda não a fosse. Faz-me falta estar por perto. Passar no hospital a dar um abraço e desejar boa sorte antes da operação. E passar de novo mais logo a saber como correu, talvez não por ti, mas pelos teus. E deixar-te um ramo de flores, como fazem os melhores dos amigos.
Não estou. Não sei. Nem sei quem sabe. Mas lembrei-me de ti toda a tarde…. E de te ter dito certo dia que ninguém escolhe ser teu amigo. Se fosse escolha, jamais escolheria toda esta preocupação. Mas é algo tão natural… gostar de ti. Que nem a tua doença evita ou afasta. Por isso, hoje, diz ao médico que tenha cuidado contigo, avisa-o que a sorte te deu um corpo demasiado frágil para todos os amigos que carregas dentro dele. E que somos muitos os que ficam do lado de cá à tua espera. Hoje e sempre.
Quando à tua doença, diz-lhe que tirando estes 3 dias por ano nunca lhe vou dar confiança. This isn't everything you are.
Mas depois ficamos amigas. E o não dar confiança a essa doença deixou de ser escolha, deixou de ser possível. Às vezes quando corro as centenas de revistas cientificas em buscas de novas descobertas e artigos para o doutoramento, paro uns minutos para procurar se ali saiu algo novo sobre a tua doença. Algo que possa ajudar. Nunca saiu.
Disse-te uma vez, que não era de todo fácil ser tua amiga. Pela ausência de amigos em comum. Pela distância que nunca ficou menor - pelo contrário, e onde já quase cabe o país. E… pelo facto de todos os anos te deitares sob anestesia geral numa marquesa à espera do bisturi, que combinado com os dois princípios anteriores, torna as horas de espera destes dias ainda mais pesadas. Incertas. Longas.
Muitas vezes fazes-me falta. Para jantar cá por casa. Para almoçar numa esplanada. Ir ao cinema, teatro, concertos ou caminhar ao fim do dia. Fazes-me falta como fazem falta os melhores dos amigos. Para estar. Para se ter colo e ombro onde chorar. Para falar dos amigos, do trabalho, da família, dos namorados, dos que perdemos. Para ouvir. Para estar, de novo.
Hoje, como muitas vezes – bem sabes, não me fazes falta para estar. Faz-me sim, falta que esta distância toda não a fosse. Faz-me falta estar por perto. Passar no hospital a dar um abraço e desejar boa sorte antes da operação. E passar de novo mais logo a saber como correu, talvez não por ti, mas pelos teus. E deixar-te um ramo de flores, como fazem os melhores dos amigos.
Não estou. Não sei. Nem sei quem sabe. Mas lembrei-me de ti toda a tarde…. E de te ter dito certo dia que ninguém escolhe ser teu amigo. Se fosse escolha, jamais escolheria toda esta preocupação. Mas é algo tão natural… gostar de ti. Que nem a tua doença evita ou afasta. Por isso, hoje, diz ao médico que tenha cuidado contigo, avisa-o que a sorte te deu um corpo demasiado frágil para todos os amigos que carregas dentro dele. E que somos muitos os que ficam do lado de cá à tua espera. Hoje e sempre.
Quando à tua doença, diz-lhe que tirando estes 3 dias por ano nunca lhe vou dar confiança. This isn't everything you are.
2 comentários:
Quando dizes estas coisas, fazes-me sempre chorar. Obrigada é coisa que não se diz aos amigos, mas estou-te tão grata, Shadow, tão grata por existires assim.
Sabes do que tenho mais saudades? Das nossas conversas de horas. Tarde fora, noite dentro. Sempre divertidas... e com tantos desabafos, confidencias mas sempre sem qualquer julgamento que fosse de parte a parte.
Uma empatia natural. E isso não se agradece, tal como a amizade que veio depois. É muito bom ter-te por perto. Ainda que longe. Mas sobretudo, é bom ter-te bem!
Beijinho
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