sábado, 1 de setembro de 2012

Agosto foi um mês amigo.

Era assim que começava um post da Jade, há uns anos, que me ficou na memória até hoje. Agosto foi um mês amigo. 

Enchi a mala do carro com sacos carregados de roupa de verão. Roupa de inverno. Roupa de desporto. E livros. Livros, livros e mais livros que esperaram um ano por este momento. Enchi a mala do carro como quem vai com vontade de ir e nenhuma de voltar. Fiz cópia de segurança do doutoramento e sorri ao deixar o disco externo dentro de uma caixa, na estante. Conduzi a 200km/h até ao mar e a 20km/h junto ao mar. Vi família que não via há anos. E os meus três de casa que não via há meses. Abracei-os a todos e a cada um. Incluindo os 2 de quatro patas!

Agosto foi um mês amigo. Li, fui ao cinema, descobri música nova. Vivi oito dias na cidade eterna. Fiz amigos. Revi outros. Dei muitas prendas. Recebi outras tantas, ou mais. Fui à praia. Jantei em sítios novos. Lanchei nos de sempre. Almocei pela rua. Dividi sobremesas. Dividi sumos. Comprei vinhos, com data marcada para serem abertos. Um ano depois revi o meu melhor amigo, também lhe dei um abraço. Não consegui estar com a minha melhor amiga – tenho saudades tuas, já passaram meses desde o meu aniversário, e ao mesmo tempo é como se te tivesse visto ontem.

Agosto foi um mês amigo. Conversei em italiano, inglês, espanhol e até em francês. Dei os parabéns em romeno ao meu grande amigo polaco – em nome do Erasmus partilhado. Vi o termómetro marcar 46º. Chamei ao hotel, casa. Sentei-me durante todo o tempo que quis, à chuva, no terraço. Só a estar. Peguei ao colo todos os dias, os meus gatos. Tomei sempre anti-histamínico primeiro. Acabei com os meus e tive de ir roubar os do meu pai. Dei-lhes comida às escondidas, aos gatos (desculpa mãe). Distraí a minha mãe, para o meu pai poder dar comida (extra) ao gato dele (desculpa outra vez, mãe). Conversei do meu irmão como se fosse um misto da minha melhor amiga e da minha mãe. Desabafou comigo como se eu fosse um misto do melhor amigo, e da nossa mãe.

Agosto foi um mês amigo. Almocei, lanchei e jantei em casa de amigos. Sempre diferentes. Sempre sem contar. Deixei telemóveis na gaveta até perderem a bateria. Saí de boleia. Saí a pé. Recebi telefonemas e mensagens que me deixaram o dia todo a sorrir – conheço gente bonita.

Agosto foi um mês amigo. Tive planos cancelados. Tive um artigo aceite (bem, está quase, quase, quase). Tive de ligar às chefes a meio das férias a dar a notícia. Não pensei mais em trabalho. O meu pai levou o carro ao mecânico. Levou o carro à inspecção. Eu levei-o país abaixo e trouxe-o de regresso. Nunca para cima. Fiquei sozinha em casa dos meus pais – estava demasiado cansada para voltar a ver montes, ainda que uns dias, enquanto eles foram de férias. Passei a casa de amigos à meia-noite. Saí de casa de amigos pouco antes do meio-dia. Fiz amigos, já disse? Escrevi pela primeira vez uma reclamação. Recebi um pedido escrito de desculpas, da TAP.

Agosto foi um mês amigo. Conheci o meu sobrinho mais velho. O que faltava. Gosto tanto dele como do T,. Talvez seja preocupante, já que o mais velho é um cão. Não me importo nada de ter um sobrinho cão. Esqueci-me de tomar anti-histamínicos, mas fui brincar com ele na mesma. Fui brincar com as minhas primas pequeninas também, mesmo tendo aparecido de surpresa quando estava de saída e atrasada para Aveiro. Tenho bolas de tudo o que e desporto, em casa dos meus pais também, mas escolhem sempre futebol Joguei à bola até me doerem as unhas e as canelas, dos pontapés e calcadeilas. Troquei a saía por calças, e as sandalias por ténis, a prever as negras que ainda tenho. Valeram a pena - as negras. E valeram também beijinhos e abraços mágicos, daqueles que só podem ser dados por gente assim, pequenina, inocente e amiga.

Agosto foi um mês amigo. Carreguei um saco de livros e acabei a comprar muitos mais. Passei dias a dar abraços a toda a gente que revi. Mas é daqueles que recebi sem contar, que me lembro melhor. Passei meses sem fazer estes 150km até "casa", e acabei por fazer muito mais em alguns dias, só para almoçar ou lanchar.

Agosto foi sem dúvida um mês amigo. Mesmo que me tenha obrigado a voltar para aqui e tenha posto o meu nome na lista errada. Agosto foi um mês amigo porque tal como a Jade apaziguei saudades sem as matar, que as saudades do que está longe são imortais.

2 comentários:

K disse...

:)
Fico contente por ver que conseguiste carregar baterias.
Todas (ou quase).

Guarda bem este post e reve-os naqueles dias mais cinzentões.

Beijo!

Shadow disse...

:-)

boas fériasssssss para ti, que bem mereces tb!!!