Há uns anos podia ser fim ou inicio de período, segunda ou sexta feira, que me bastava neurónio e meio para dar boas aulas. E 30 minutos para preparar todas as reuniões da semana na escola e 20 para preparar as de doutoramento. Agora.... é deprimente só de pensar. Há uns meses atropelei-me nas palavras na fila do hipermercado. Porque ia preparada para colocar as comprar no tapete, dar cartões, digitar o pin e dizer "boa tarde", apenas. E me fizeram duas perguntas.
Percebi nesse dia o quão o PhD mudou a minha vida. Tinham-se passado meses sem que falasse com mais do que 10/5 pessoas diferentes. Passavam dias sem que falasse com quem quer que fosse pessoalmente. E lembrei-me do filme com o Nicholas Cage: o Inadaptado.
Mas apesar da minha zona de conforto académica e profissional, ser cada vez
maior, talvez seja por isso que cada vez mais me custa sair dela. Sou
provavelmente a única pessoa que vai a congressos, nacionais e
internacionais, apresentar trabalhos apenas para... preparar a defesa de
doutoramento. Sair da zona de conforto. Completamente. Esperar tudo,
mesmo o inesperado.
Este é também um dos motivos porque aceitei dar aulas que nada têm a ver
com o meu PhD. Eu, que em tempos falei para plateias de 200 e 300
pessoas como se falasse à família na noite de natal, dei por mim a
entrar nos congressos cada vez pior. Dei por mim a entrar em ansiedade
dias antes! das apresentações.
E por isso aceitei algo que se pudesse neste segundo voltar atrás, não pensava segunda vez. Mas não posso. Nem convém. Tudo o que queria agora era que amanhã não fosse já amanhã e... colo. E tudo o que tenho é uma vozinha ao fundo que diz: Suck it up Shadow. Suck. It. Up.
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