"Cheguei à escola e dei de caras com um drama da vida real, uma colega cuja irmã está a dar o último suspiro, a 5oo e tal Km de distância; o desespero de não conduzir um carro e não ter boleia que lhe garanta a chegada a tempo de uma derradeira despedida, um último beijo, um grande abraço para a viagem, um até breve, lá nos encontraremos. E outra colega, nascida. criada e residente na Cidade de Deus, que, a meio da manhã, diz, que se lixe isto tudo, vou-te lá levar e é já. Estas são coisas que me deixam sem palavras e me fazem vir lágrimas aos olhos. É uma lição de vida, a todos os níveis, é uma quantidade de sentimentos intensos atirados como um estalo à cara de uma pessoa; tremeram-me todos os alicerces, por todos os motivos, pelo desespero dum amor fraternal, pela saudade da partida de um ente querido, pela profunda bondade e generosidade de alguém que sai do seu mundinho para fazer 1000 e tal quilómetros num só dia, porque sim."
Muitos dos que me ouviram disseram que fariam o mesmo. Contudo foram mais, os que ficaram surpreendidos quando perguntavam "e então tu? Logo tu." sempre disse que não tinha a certeza se o faria. Gostava de ter essa certeza, gostava de pensar que sim, que sem sombra de dúvida seria aquela pessoa que falar tudo e ajuda o próximo, que possui todo o altruísmo do mundo. Mas não sou.
Sempre afirmei que dependeria do dia, do contexto. da pessoa. Do que teria para fazer naquele dia. Que de certas coisas e responsabilidades jamais abdicaria.... por alguém que não me dizia nada. E que percebia o rotulo que colocava a mim própria, mas que era, a verdade.
Ontem já a noite ia a meio quando recebi uma sms a dizer "podes vir buscar-me a ....(muitos quilómetros de distancia)?". O contexto era o pior possível, foi uma semana terrível, de dias pesados, e aquele era finalmente o momento por que tinha esperado. Era noite, estava frio, e eu tinha finalmente vestido o pijama e deitado o corpo no sofá. "Posso", respondi sem pensar. Não perguntei porquê. Não sugeri alternativas. Nem perguntei direcções. Ainda embrulhada na manta acrescentei um "vou só vestir um casaco e estou a caminho".
Já sentada no carro, e enquanto esperava o abrir do portão da garagem lembrei-me de novo da historia no blogue da Jade e da pergunta que me faziam "e então tu? Logo tu.". E ri. Ali estava eu no lugar do condutor, para ir buscar a meio da noite, ao meio do monte, a pessoa que será sempre o motivo pelo qual perdi duas das minha melhores amigas. Eu, logo eu, para te ir buscar, a ti...
Porque tal como a Jade, a minha noção de Carpe Diem é uma noção altruísta, "não me prendo facilmente a alguém novo... é uma grande responsabilidade; por isso, sou parca nas palavras com quem acho que não as merece; por isso, gasto muita energia a manter-me em vidas que não me procuram frequentemente, amigos distantes e preguiçosos, mas que eu amo, mesmo assim". E por isso serei sempre alguém que ao receber uma sms destas, veste as primeiras calças de ganga que aparecem no armário e um casaco por cima da camisola de pijama pega na chave do carro e vai. Não importa a hora. Não importa o local. Quando alguém de quem gostamos ou que sempre esteve lá para nós, nos liga para irmos buscar... não há outro sitio do mundo que seja mais importante.
Porque tal como a Jade, a minha noção de Carpe Diem é uma noção altruísta, "não me prendo facilmente a alguém novo... é uma grande responsabilidade; por isso, sou parca nas palavras com quem acho que não as merece; por isso, gasto muita energia a manter-me em vidas que não me procuram frequentemente, amigos distantes e preguiçosos, mas que eu amo, mesmo assim". E por isso serei sempre alguém que ao receber uma sms destas, veste as primeiras calças de ganga que aparecem no armário e um casaco por cima da camisola de pijama pega na chave do carro e vai. Não importa a hora. Não importa o local. Quando alguém de quem gostamos ou que sempre esteve lá para nós, nos liga para irmos buscar... não há outro sitio do mundo que seja mais importante.
1 comentário:
Um grande aplauso. Bravo.
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