Falava com o meu irmão da pergunta que a minha mãe nos costumava fazer quando éramos crianças, adolescentes e mesmo já em adultos "Como foi o teu dia? És feliz?". Falava com ele de há quanto tempo não ouvíamos essa pergunta. Da dor que deve ser para um pai, uma mãe ouvir, saber o "Não." A minha mãe fala então comigo da vida dele, e com ele, da minha. Evita falar connosco porque já sabe a resposta. Estamos de rastos, os dois.
Apanhamos um grande susto no natal passado, que deixou tudo em perspectiva, mas ainda assim não apaga o mal que nos fizeram antes. E depois, do susto, da perspectiva. Falamos do ano horribilis que tivemos, que ainda estamos a ter. Ele, dizia sente que tem a vida a correr atrás dele. Eu explicava-lhe que apesar de tudo estava em melhor posição que a minha, que tenho a vida a correr à minha frente, sem lhe conseguir chegar - nem poder parar para descansar.
Ele hoje vai fazer o que tem feito, vai sair, e beber um copo ou dois. Eu, também vou fazer o que tenho feito, trabalhar, e trabalhar. E ainda bem que assim é, que o ano dele, apesar de tudo, foi bem pior que o meu.
1 comentário:
um beijo com muita força!
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