quinta-feira, 29 de novembro de 2012

uma dor sem nome

Quis ligar-te. Na verdade, quis ir ter contigo – onde quer que estivesses. E estás aqui tão perto. Tão, tão perto. Hoje elas marcaram-me a data de defesa de doutoramento, acreditas?! Consigo ouvir-te dizer “mais uma?”. Perguntei isso mesmo, em silêncio. Mais uma?! Quis mandar aquela gente à merda. Dizer que não sou marioneta de ninguém. Mas isso tu sabes, que quis dizer, que não disse, mas que viram no meu rosto que o pensava.

Consigo ver-te a olhar para mim, num misto de pena e de amizade. De quem me quer bem. E de quem não acha, há muito, justo o que me fizeram e ainda fazem. E sem argumentos ou ajudas, ouvir-te dizer o que sempre dizias “Depois lembra-me o dia, que já sabes que me esqueço. Mas que quero estar. Vou estar”.
Eras a única pessoa que tinha a certeza que ias estar. E saber-te ali, sempre foi um conforto que não creio que algum dia consigas perceber. Mas, não vais estar. Não te vou dizer o dia. Perdi esse direito, não perdi?  Perdi esse direito quando até hoje ainda não peguei no teu filho ao colo. 

Custa-me tanto dizer, nunca peguei no meu sobrinho ao colo. Acho que é uma dor sem nome, esta de não se ter pegado nunca ao colo alguém que nos deixou tão feliz logo apenas pela possibilidade de existir.

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