As minhas quintas-feiras são, há muito, pródigas em almoços/jantares nos sítios ou cidades mais inesperadas. São também pródigas em conversas de horas pela tarde, noite ou madrugada fora. Onde com a boa disposição surgem lições e verdades de outros que se colam à nossa alma, à nossa vida. Ontem foi mais um desses jantares, foi mais uma dessas madrugadas.
Quando fico chateada, irritada, magoada, triste e/ou outros estados afins com alguém que me diz, verdadeiramente algo… calo-me. Todos que conhecem sabem que um sagitário em silêncio é uma bomba relógio de mau humor, de raiva, de dor. Ontem a determinado ponto da conversa calei-me… Dizia uma amiga, a propósito dos touros, que existem pessoas que só reagem a palavras más. Que recebem as boas e calam. Não reagem. Dizia ela que reagem se picados, e, se mal-tratados desfazem-se em palavras e gestos de atenção, cuidado e afecto. Nunca percebi o quanto mais me bates mais gosto de ti. Em verdade, recuso-me a aceitar tal coisa. E por isso continuei a ouvi-la, em silêncio. Falou das minhas palavras, dos meus gestos, dos meus sentimentos bons… e deixou-me perceber que o melhor de mim há muito que não tem resposta adequada ou resposta sequer. Que todas as reacções dignas ou gestos de alguma relevância dos últimos meses, tinham na equação o meu pé. Apenas quando batia o pé e dizia não, mais não. Há coisas que não merecemos de determinadas pessoas. Mais, há coisas que não merecemos de ninguém.
Ouvi em silêncio e quis chorar. Senti formar-se o cocktail de mau-humor, de raiva, dor e desamor. Não chorei. Agradeci, despedi-me e entrei no carro com a certeza que ela tinha razão. E, embora suplique em silêncio como o Miguel Esteves Cardoso, para que me devolvas a minha vida e o meu tempo, para que digas qualquer coisa a este coração palerma que não sabe nada de nada, que julga que andas aqui perto e chama sem parar por ti, tenho a certeza que irei sempre preferir reagir às palavras boas e tentar seguir em frente nas más.
Hoje neste dia de merda que não partilhei contigo odeio-te. E porque por 24 horas te odeio, hoje é um dia de merda. Hoje, venha uma reacção tua a este provérbio tibetano que tenho para ti: vai 'pó caralho.
7 comentários:
Já li muita coisa escrita por ti. Já li muita coisa que te sensibiliza e com que te identificas, escrita por outros. Mas este post, de tudo o que já li que tem o teu dedo, este post, dizia, é, de longe, o mais genial de todos. Dá vontade de fazer como as louras da anedota e, de marcador fluorescente na mão, me pôr a sublinhar o écran. Espectacular. E muito, mesmo muito, na minha onda de hoje. Toda a gente sabe que os tibetanos são gente zen. Sábia. Conselheira. Superior. O provérbio é prova disso. Neste momento, para mim, prova bem mais evidente que se porem a levitar, vestidos de cor-de-laranja.
Escrita e sentimentos sem filtros... como eu gosto! Acho que vou começar a andar por aqui...
Jade,
ser sagitário faz com que tenha alguma dificuldade em encaixar elogios. Mas este teu comentário é brutal e merece resposta.
Não vou trocar galhardetes mas vou dizer que me deliciei a ler o que aqui deixaste. Porque percebeste as linhas linhas, entrelinhas e... acrescentas-te a conclusão que não escrevi!
Teia,
é reciproco! Só não escrevi AINDA sobre chinelos. Mas vai chegar o dia ;)
Bjos às duas
Óh como eu sei do que tu falas, e como disseste no blog na Beta (Teia), nós os ''invulgares'' temos um íman e atraímo-nos uns aos outros :D
Entendo-te perfeitamente, também sou sagitariana pura com ascendente leão (combinação explosiva que explica esta minha personalidade).
Esse teu proverbio tibetano, estou tentada a dizê-lo a um menino que anda por aí a pedi-las, a esticar a corda, a esticar...mas vou calar-me e optar pela técnica do ignorar, ou seja ''Caguei pra ti! Ah existes? Não sabia'' que acham?
Beijos e vou passar a andar por aqui :)
Sofia, ehehhe... Eu tenho duvidas sobre o ascendente, devido à incerteza na hora posso ter o ascendente em leão ou virgem (ambos complicadissimos para conjugar com a "invulgaridade" sagitariana);)
A técnica do ignorar é sempre a melhor arma.. embora complicadissima para a (falta de) paciência sagitariana.
Posso andar às voltas no meu sótão racional, mas não me apraz escrever nada sobre momentos que foram sentidos, vividos e partilhados... Neste caso, a escrita poderia empobrecer a experiência ou a genialidade deste post...
Shadow pela sua originalidade sagitariana, pelo pormenor de virgem, espelha em palavras aquilo que por vezes não consegue receber: elogios!! Contrariamente, os taurinos, às vezes, aparentemente brutos, que arranham com as unhas a superficialidade dos sentimentos, não espelham a grandeza e profundidade dos seus sentimentos.
Nessa madrugada de mais uma mágica quinta-feira, um jardim tentou dizer ao outro "és belo, acrescentas muito ao meu SER!", também tentou dizer-lhe "és uma obra-prima original e inigualável" de um modo que uma sagitarian cat aceitasse e entende-se... Missão cumprida!!
Missão cumprida! :)
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