Há quatro anos mudei de cidade e de país...
E nessa madrugada chorei a minha alma em silêncio quando fui obrigada a dar razão a todos os que consideravam esse passo um erro. Mudei-me para um país frio, cinzento feito de gente fria e cinzenta. Onde a cultura era inata e etiqueta um luxo.
Não creio que tenha sido nessa noite mas tenho a certeza que foi nessa cidade que morreu a pessoa que era. Enquanto ali vivi, assisti a cenas que jamais vou conseguir descrever, explicar ou esquecer. Deparei-me com uma realidade chocante que me dói e dilacera sempre que relembrada… E que me deixou indisposta durante dias quando a revi, em Slumdog Millionaire.
Essa cidade inspirada em Rômulo e Remo, fundadores de Roma, que enterrou quem era e viu nascer quem sou. Cidade universitária de 250 mil pessoas e dezenas de palácios. Cheia de história, artes e ciência. Que me arremessou, para o que dizem ser o meu brilhante percurso académico, como oradora, numa língua emprestada, numo palco de uma Aula Magna com 250 Doutores e Mestres na assistência. Uma cidade que me deu as ferramentas e a humildade em falta .
Que me ensinou que o sorriso é, a melhor das ofertas, tão quente como um dia de verão, tão acolhedor como um abraço, tão próximo como a família e a verdadeira língua universal. Uma cidade que me ensinou a pensar, a ter paciência e a dar. A verdadeiramente d-a-r. Que aumentou o espectro de cores… de si própria, das pessoas, da vida, dos sonhos. Uma cidade que me deu anos de vida e anos à minha vida. Uma cidade que fez crescer a saudade e o meu amor por ti, e que me ensinou a viver com eles e além deles. Uma cidade que me tratou como sua neta, com atenção, reconhecimento, orgulho e afecto. Que me ensinou que o abraço é o mais seguro dos esconderijos. E que na vida não precisamos de esconderijos e sim de olhar o mundo de frente, voar mais alto para ver mais longe mas ter sempre um lugar, ter sempre alguém para quem regressar.
Uma cidade que amo… talvez demais para algum dia lá voltar.
E nessa madrugada chorei a minha alma em silêncio quando fui obrigada a dar razão a todos os que consideravam esse passo um erro. Mudei-me para um país frio, cinzento feito de gente fria e cinzenta. Onde a cultura era inata e etiqueta um luxo.
Não creio que tenha sido nessa noite mas tenho a certeza que foi nessa cidade que morreu a pessoa que era. Enquanto ali vivi, assisti a cenas que jamais vou conseguir descrever, explicar ou esquecer. Deparei-me com uma realidade chocante que me dói e dilacera sempre que relembrada… E que me deixou indisposta durante dias quando a revi, em Slumdog Millionaire.
Essa cidade inspirada em Rômulo e Remo, fundadores de Roma, que enterrou quem era e viu nascer quem sou. Cidade universitária de 250 mil pessoas e dezenas de palácios. Cheia de história, artes e ciência. Que me arremessou, para o que dizem ser o meu brilhante percurso académico, como oradora, numa língua emprestada, numo palco de uma Aula Magna com 250 Doutores e Mestres na assistência. Uma cidade que me deu as ferramentas e a humildade em falta .
Que me ensinou que o sorriso é, a melhor das ofertas, tão quente como um dia de verão, tão acolhedor como um abraço, tão próximo como a família e a verdadeira língua universal. Uma cidade que me ensinou a pensar, a ter paciência e a dar. A verdadeiramente d-a-r. Que aumentou o espectro de cores… de si própria, das pessoas, da vida, dos sonhos. Uma cidade que me deu anos de vida e anos à minha vida. Uma cidade que fez crescer a saudade e o meu amor por ti, e que me ensinou a viver com eles e além deles. Uma cidade que me tratou como sua neta, com atenção, reconhecimento, orgulho e afecto. Que me ensinou que o abraço é o mais seguro dos esconderijos. E que na vida não precisamos de esconderijos e sim de olhar o mundo de frente, voar mais alto para ver mais longe mas ter sempre um lugar, ter sempre alguém para quem regressar.
Uma cidade que amo… talvez demais para algum dia lá voltar.



4 comentários:
Erasmus é... não sei. se não estou em erro ainda cheguei a ler alguns posts teus do final desta tua fase.
às vezes o que amamos faz-nos mal. e às vezes o que nos faz mal, faz-nos um bem ainda maior..
assim tão intensa para recusar uma nova visita?
boa semana**
É. É exactamente isso.
Tu já daí me lias (não se me sinta velha se ainda mais miúda)...
o Erasmus, a mudança, o crescimento, o regresso a Portugal... Fizeram com que não precisasse mais de escrever. Fizeram com que deixasse de escrever. E fizeram com que encerrasse aquele blog que era tão a minha cara. Como se vê voltei a precisar de escrever...
sente-te uma miuda crescida x) é esse o espirito. eu plo menos senti um impacto grande com esta tua mudança de blogs. num lia uma "miuda crescida, mas ainda de certa forma miuda. e depois cheguei aqui e dei como uma pessoa meio diferente mais crescida, mais terra a terra. mas também.. um era o que sentias, este é .. o que vives. percebes o que quero dizer? :S
as situações transformam-nos, mas não nos mudam. acabamos sempre por retornar acho. apenas com um pouco mais de sabedoria.
diz a pita do sítio x\ x)
"dei como uma pessoa meio diferente mais crescida, mais terra a terra. mas também.. um era o que sentias, este é .. o que vives."
Sim é isso, também isso. Acho curioso que tenhas referido o terra a terra, foi das principais coisas de que me "acusaram", foi das principais coisas que mais tarde tive noção. Tinha tanto a mania que era crescida nessa altura... tinha tantos ideais, tanta altivez moral e intelectual.
Vi pobreza (a real), crime, corrupção como modo de vida. Conheci gente com vários mestrados e mais do que um Doutoramento e que ainda assim, eram mais humildes que o meu lóbulo frontal. Fui estrangeira num país que odiava os seus... Fui convidada por quem sabia mais que eu a ensinar-lhes o que sabia. Passei sede num país que não bebe ou vende àgua e leite. Comi coisas horríveis e indispensáveis porque a vida é feita de riscos e experiências. Chorei pela primeira vez em frente a dezenas de pessoas... Ouvi dezenas de taxistas, alunos, vizinhos a falarem bem do meu país, a falarem de eusebio, amalia, fernão magalhães, pessoa e jogadores da bola, a sorrirem sempre que dizia que era de Portugal. Ouvi tudo isto enquanto o Durão Barroso falava mal deles e adiava a sua entrada para a EU. Enquanto os tugas de café falam mal deles sem conhecerem nada da sua cultura ou localizarem o país no mapa.
...Mas sobretudo aprendi o valor do silêncio. Na verdade são muito poucas as pessoas que querem ouvir aquilo que temos para dizer, sejam livros, filmes, conhecimento académico ou simplesmente como estamos. E que o silêncio jamais é a ausência de uma resposta, o silêncio, a ausência é a mais clara das respostas a qualquer pergunta ou dúvida.
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