quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Sobre a amizade

Há muitos anos que percebi que o que a maioria das mulheres espera de uma amiga é quase sempre muito mais do que a maioria dos homens espera de um amigo. Elas são mais carentes, mais exigentes, eles mais despreocupados, desligados e distantes. Mas também acho que elas são mais amigas, amigas, à séria. E eles mais amigos porreiraços. Passo a explicar. 
Não sou pessoa de ter muitos amigos. Talvez porque tenha tido uma infância muito atípica, sempre a saltar de escola em escola, sem fazer raízes em lado algum. Não tenho um único amigo de infância e as minhas relações de amizade mais longas têm 16/18 anos, e são os meus amigos do secundário - 10.º e 11.º ano - pessoas de que gosto muito e com quem estou menos vezes do que gostaria, também porque vivemos em cidades diferentes. Mas o facto de gostar muito deles não quer dizer que seja a pessoa mais presente na vida deles, ou eles na minha. Eu adoro-os, eles sabem que eu os adoro, quando nos vemos é sempre uma alegria, mas vemo-nos pouco, falamos pouco, e por vezes só vamos sabendo da vida uns dos outros pelo Facebook. Pode parecer um bocadinho triste, mas é quase uma imposição dos dias de hoje, que faz com que haja pouco tempo para se fazer tanta coisa e para se estar com tantas pessoas de que gostamos. 
 No meu caso isto não é desculpa. Não tenho muito tempo, que não tenho, faço muitas coisas ao mesmo tempo, sim, faço, mas não é só isso. Eu sou mesmo um amigo um bocadinho distante. Mas não é por mal, é de feitio. E essa distância não tem nada a ver com sentimentos. Sempre fui assim. 
E sou assim com amigos, como sou com a família. Penso neles todos os dias, imagino o que possam estar a fazer, sinto saudades, preocupo-me, mas nem sempre telefono (telefono mesmo muito poucas vezes), mas lá está, quando estou com eles, estou em casa, estou feliz de os ver e quero saber tudo sobre a vida deles. 
Há dias encontrei por acaso, numa loja, dois desses amigos de sempre. E pronto. Ali ficámos na conversa durante uma meia-hora, entre dois degraus de um oculista. E falámos de projectos de futuro, recordámos coisas do passado, falámos dos filhos, rimo-nos, combinámos coisas, e foi maravilhoso, foi como se estivessemos juntos todas as semanas, não houve silêncios desconfortáveis. Esta é também a minha forma peculiar de sentir a verdadeira amizade. Isto porque há gente com quem estou todos os dias e por quem não sinto qualquer empatia ou vontade de partilhar o que quer que seja. 
Acho que em geral os homens são um bocado assim, principalmente uns com os outros. Podemos estar três meses sem falar, sem combinar nada, e quando finalmente nos contactamos é como se não tivesse existido esse gap temporal, é como se ainda ontem tivessemos ido juntos à bola. Não guardamos ressentimentos por essa ausência, não ligamos a se este ou aquele não nos ligou no aniversário. Isso são mesmo coisas de gaja. 
Sim, com as mulheres é tudo muito mais dramático. Sentem efectiva necessidade de estar com as amigas. E se não há notícias de parte a parte durante algum tempo começam logo a dizer que a outra já não quer saber dela, e que não lhe liga, e que é má amiga. Há uma carência efectiva e uma cobrança recorrente da amizade. Mas se calhar as mulheres é que estão certas, e se calhar amizade é isso mesmo, é estar presente, de facto, e não apenas de tempos a tempos. Se calhar a amizade é mesmo querer saber e ligar a saber e querer estar junto e combinar coisas para que se esteja junto.
É se calhar por isso que quando uma gaja se arma em gajo e só liga à amiga muito de vez em quando desce logo na categoria e passa a ser só "mais ou menos amiga", ou então "uma cabra do caraças que não quer saber da amizade". 
Como disse, e muito sinceramente, gostava de ser mais gaja nisso, e ligar mais aos amigos, estar mais vezes com eles. Mas enquanto isso não muda, fica a certeza de que gosto tanto deles hoje como gostava há 20 anos. Ou seja, se tivesse de vos dizer "temos de falar", o que teria para vos dizer seria: "O problema não são vocês, sou eu".

daqui

Já fui "gajo, muito gajo" no que diz respeito à amizade. Já me justifiquei com estes mesmos argumentos - sempre incompreendidos (que os amigos, gajos, nunca precisaram de conversas destas) - por vezes demais. Mas a verdade, triste, é que nos últimos 2/3 anos acabei por de alguma forma, virar este tipo de amiga: GAJA. E... não é que me tenha tornado insensível a estes argumentos de amigo, gajo. Mas... fica a sensação  que o chip da compreensão se perdeu pelo caminho. E isso tem tanto de bom como de mau.    

5 comentários:

Missies Blue disse...

well.. it's public now.. im a guy. eh =|

Shadow disse...

;-)
no sweety, u aren't! You are just still a bit... tiny (in a sweet way). To prove my theory, i have a name for u "Maria".

Missies Blue disse...

now im lost. hum another day another talk*

Shadow disse...

your godmother brings all the girly-friend-u! ;P

Missies Blue disse...

aaah. well yes. at least wnem tpming :) and when i borrow her stuff i need for this year and she flies to a different country without giving it back to me -.-'